domingo, 21 de agosto de 2011

O que há dentro de mim não se separa deste mundo
nem é mais belo
nem mais fácil
nem mais simples.
O que há dentro de mim é sede
é fome
é o Sol que nasce e se põe todos os dias.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

- Vou encontrar, sem procurar. Afinal eu nunca procuro. Não conscientemente.
- Você sabe o que lhe faz sofrer menos..a questão é que você ainda não tem experiência na vida pelo menos não em relacionamentos.
- Concordo.
- Que é difícil encontrar um alguém, continuar com ele e deixar que ele  embora todo mundo sabe, mas viver é bem diferente do que se imagina.
- Aconselharei-a a ir embora. Mas não acho que é desse jeito que ela deveria caminhar.

- Pois é, meu querido, isso é o que você acha. Mas será que é o que ela acha? Parece que não . A decisão ela já tomou e sua vida está continuando, a sua também tem que seguir o rumo destinado e nessa procura você vai sofrer bastante. Claro que terá momentos felizes mas os outros, a maioria das vezes, serão de angústia porque amar (gozar) traz mais sofrimento que contentação. Talvez seja isso que faz ser tão gostoso!
- Meu destino...aquele que não sei qual é.
- E quem sabe? Ninguém pre o futuro lembra?
- Tanto não prevê que acabei entrando nesse barco furado. Como ela pode estar grávida dele?

terça-feira, 7 de junho de 2011

Mitologia/Vícios

Te tomo como tomo uma chícara de café. Teu gosto é doce e amargo, tomo com cuidado para não  me queimar. Assim como o café, preciso te adoçar para que fiques bonzinho. Mas se essa façanha me falta, oh, musas! Como és mal comigo!
É sempre em retribuição que me dás o que preciso. Sempre devolves aquilo que recebes de mim. Às vezes, se não tomo cuidado, me queimo com seu calor. Às vezes, o calor do corpo - aquele que me favorece! -  às vezes, o gélido calor da indiferença, do esquecimento.
Te tomo, meu café, com prazer...desgraçada que sou em meu vício.
Mesmo assim, eu te amo.
Citeréia pôs-te em mim, talvez por tê-la ofendido em algum instante. Quis, em momentos de loucura, amar-te. Hoje, amo. Mas a que penar!
Continuo a tomar-te, meu negro líquido, gozando de teu saboroso calor. Tomo-te mesmo queimando por dentro meu diafragma, aquilo que chamam alma. Sem temor de mal algum a mim, amedrontada apenas pelo mal que é ficar sem ti.


*Mas que coisas bobas escrevo. Quem há de entender essa mistura sem nexo? Quem me conhece entende esta descrição louca!

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Traduzir-se

"Uma parte de mim
É todo mundo:
Outra parte é ninguém:
Fundo sem fundo.

Uma parte de mim:
É multidão:
Outra parte estranheza
E solidão.

Uma parte de mim
Pesa, pondera:
Outra parte
Delira.

Uma parte de mim:
Almoça e janta:
Outra parte
Se espanta.

Uma parte de mim
É permanente:
Outra parte
Se sabe de repente.

Uma parte de mim
É só vertigem:
Outra parte,
Linguagem.

Traduzir uma parte
Na outra parte
-Que é uma questão
De vida ou morte-
Será arte?"

Ferreira Gullar

terça-feira, 31 de maio de 2011

"Eu poderia perder, embora não sem dor, todos os meus amores. Mas certamente enlouqueceria se perdesse todos os meus amigos!"


Reclamo da vida mas sei que tenho mais a agradecer.
Amigos caricaturam minha dor da mesma forma que me caricaturam neste desenho. Eles me fazem sorrir no improvável.
Me acompanham mesmo estando do outro lado do pais.
As vezes estou realmente so. As vezes passo os dias sem falar por nao ter com quem falar.
Reclamo!
Mas parando pra pensar, este e o único tempo que tenho apenas pra mim, pra me cuidar, pra descansar...
E mesmo nessas horas de solidão, eles estao presentes como se fossem o próprio Deus.
Agradeço, enfim...
Estou feliz!

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Buscando a Cristo

Perdi-me!
Encontrei o amor e perdi-me.
Se me perguntares, Senhor, por onde ando e por que ando tão distante, responderei:
- Não sei, só sei que amo, e essa é a única explicação para esta distância. Como pode o amor corromper a pureza do olhar? Como pode corromper a pureza do corpo? Mas como pode também trazer tanta alegria e prazer?
Procuro-Te e não Te encontro, me achas e Te renego sempre em nome deste amor que me varia. Por ele perco a salvação com gozo e caio na desespero em deleite. Não quero sair!
Minhas lágrimas caem para Ti. Elas rolam meu rosto abaixo para explicar-lhe minha confusão... Não sei, realmente não sei mais, Senhor, quem eu sou!
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A vós correndo vou, braços sagrados
Nessa cruz sacrossanta descobertos,
Que, para receber-me estais abertos,
E, por não castigar-me, estais cravados.

A vós, divinos olhos, eclipsados
De tanto sangue e lágrimas recobertos.
Pois para perdoar-me estais despertos,
E, por não condenar-me estais fechados.

A vós, pregados pés, por não deixar-me,
A vós, sangie vertido, para ungir-me,
A vós, cabeça baixa, p'ra chamar-me.

A vós, lado patente, quero unir-me,
A vós, cravos preciosos, quero atar-me
Para ficar unido, atado e firme.

(Gregório de Matos)


domingo, 15 de maio de 2011

"Quando escolhi a floresta
para aprender a ser,
folha por folha,
escrevi as lições
e aprendi a ser raiz, barro profundo,
terra calada, noite cristalina,
e pouco a pouco mais, toda a floresta."



Pablo Neruda, O que nasce comigo